Decidi (re)começar a escrever porque alguém insistiu. Disse-lhe que iria escrever quando estivesse inspirada. Parece que isto surgiu agora, do nada, ou então surgiu por precisar de desabafar, de exprimir o que sinto.
O medo, a ansiedade, a saudade, o amor, é algo constante na minha vida agora.
Tudo começou a mais de um ano, quando troquei a grande cidade de Lisboa por uma pequena ilha, a ilha das Flores, que era pouco ou nada reconhecida em Lisboa e certamente pela maior parte de Portugal Continental.
Para certas pessoas de Portugal Continental, os Açores era somente São Miguel, esqueciam-se das restantes ilhas.
Fui parar a uma ilha qualquer, mas talvez a mais bonita de todas, a mais "viva" pelo o interesse que nela despertava, pelas cores das flores que havia em todos os montes, em todas as estradas que passávamos havia sempre milhares de flores que davam vida à ilha, transmitia-me alegria, vontade de sorrir e olhar para as paisagens, para as cascatas.
No início foi toda uma nova experiência. Não conhecia ninguém, e também não fazia intenção de fazer grandes amizades porque eram somente umas férias, era só um mês que ia permanecer naquela ilha.
Havia as típicas festas de verão que há em todas as terrinhas. Ia praticamente a todas, não falhava uma. Foi nessas festas que conheci pessoas da minha idade, umas mais velhas, mas sempre perto da minha idade. Comecei a falar com elas, a estabelecer uma relação com elas. Já tinha feito alguns amigos com quem ia para as piscinas e com quem estava nas festas. Eram mais velhos que eu, mas não foi pela a minha idade que me desprezavam. Tratavam-me como se estivesse a idade deles, Como se tivesse 18 anos já. Falavam comigo sobre todos os assuntos, e eu percebia-os, havia sempre assunto, sempre conversa.
Cometi alguns erros no verão, envolvi-me com quem não devia, bebi mais do que estava acostumada. Erros que agora sei que têm efeito na minha vida, erros que agora podem ter afectado a minha felicidade.
Já tinha feito grandes amizades e tinha começado a gostar de lá estar. Gostava da independência que tinha.
Tomei então uma grande decisão, decidi ficar cá a estudar . Convenci os meus pais, não estava fácil convencê-los. Era uma grande responsabilidade deixar uma filha menor num sitio desconhecido, a estudar, com apenas dois irmãos que por vezes eram piores que eu.
Consegui convence-los e então comecei uma nova vida. Uma nova casa, uma nova escola, uma nova história.
Durante esse ano lectivo cometi um erro. Gostei de um rapaz que nunca devia ter gostado. Um rapaz que não merecia tudo o que fiz por ele, não deu valor ao que tinha, traiu-me várias vezes e chorava à minha frente dizendo que era mentira.
Mas, com essa experiência apaixonei-me por alguém 1000x melhor. Ele tinha acabado de sair de uma relação, tal como eu. Mas como dizem, há males que vêm por bem. Este rapaz foi a melhor coisa que me aconteceu na vida. A sua maneira de ser era única. Ele sabia captar a minha intenção só com a forma de ele ser, de ele andar, de ele olhar para mim. O sentimento começou a ser mútuo, e ai soube qual era a verdadeira sensação de ser feliz, de ser amada por alguém. Ele dava-me toda a atenção. Não estávamos juntos na escola, mas isso nunca impediu de estarmos juntos. A escola acabou e eu sabia que íamos continuar a estar juntos nas típicas festas de verão. Apaixonei-me pelo o rapaz de tal maneira que já não conseguia estar um dia sem pensar nele, sem falar com ele. Estivemos juntos várias vezes, e era tudo tão...nem há palavras para descrever, era simplesmente único os momentos com ele. A maneira como ele me transmitia segurança era única. Só ele o sabia fazer. Não sabia o que havia entre nós, e hoje continuo sem saber, mas é mais que uma amizade. É como se estivéssemos numa relação, mas sem chegar à fase de "namorados", ainda...
A nossa história não era perfeita, longe disso. Tínhamos altos baixos. Havia sempre pessoas contra o que havia entre nós, mas não foi por isso que desistimos. Continuamos sem ligar ao que as outras pessoas diziam e achavam . Antes tinha medo de o sentimento não ser correspondido. Agora o meu medo era outro. Agora o meu medo é perdê-lo. Eu vou voltar para Lisboa e ele vai estudar para São Miguel. Será que vai ser uma relação à distância ? Será que vamos conseguir superar a distância, ou será que ao fim de um mês já vai estar tudo arruinado ? Pois, nem eu sei... É esperar para ver, é uma história de amor sem um final certo, mas ao menos é uma história de amor...